bloggerspicy

quinta-feira, junho 23, 2011

Gucci - blockbuster italiano

A marca completa 90 anos com uma trajetória digna de cinema. E nesse filme o figurino sempre rouba a cena.



                       



No enredo da Gucci, Frida Giannini é a atual heroína. Desde 2006 na direção criativa da marca, a estilista veste a camisa, ou melhor, o tubinho cheio de recortes da grife. Antes dela, havia Tom Ford. E, como um bom roteirista de filmes de Hollywood, ele ajudou a mudar o curso da trama e transmitiu seus ensinamentos para uma dedicada discípula. "Meu maior desejo é deixar um legado para a marca e viver cercada de um design inovador, seguindo o espírito de Guccio Gucci", diz Frida em entrevista exclusiva à revista ELLE.
1950: Aldo Gucci, em frente à loja de Roma.

                         

A história da maison italiana, que tem todos os ingredientes de um blockbuster, começou em Florença, em 1921, ano em que Guccio abriu as portas de uma pequena companhia especializada em leather goods. Sabiamente, ele se inspirou na classe inglesa para criar uma estética refinada, perfeita para as clientes que já na época rodavam o mundo.
1980: Fachada da Gucci na via Condotti.

                      

Conquistou de cara a aristocracia, sobretudo a parcela ligada ao mundo equestre, que caiu de amores pelo Horsebit, símbolo inspirado na selaria
1964: Sophia Loren, uma das clientes conquistadas na década

                     

Tudo ia bem, obrigada, até o primeiro baque: a Segunda Guerra Mundial. Além do trauma, o conflito provocou a escassez do couro. Numa reviravolta cinematográfica, a grife inovou ao lançar mão de materiais como cânhamo, linho e juta. Nascia uma estrela: aBamboo bag.
1953: Das mãos do artesão, nasce uma Bamboo bag.

                          

Nos anos 1950, auge do cinema de Hollywood, a Gucci caiu nas graças das divas. Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor, Jacqueline Onassis e Grace Kelly, que ganhou um lenço feito especialmente para ela, o Flora, eram clientes. Até no museu, a Gucci foi parar: um mocassim com o tradicional Horsebit entrou para a coleção permanente do Costume Institute, do Metropolitan, de Nova York. Mas o faturamento alto e a fama se transformariam em drama. Nos anos 1960, quando o duplo G passou a ser adotado, uma crise na família, provocada por acusações de sonegação fiscal, afetou a reputação da grife. Mas o pior estava por vir: em 1995, Maurizio Gucci, sobrinho neto de Guccio, foi assassinado a mando de sua ex-mulher. Ele foi o último membro da família a dirigir a empresa.
1960: Audrey Hepburn, com uma Gucci bag.

                          

Depois de um período de ostracismo, outra mudança. Em 1999, o poderoso grupo PPR arrematou a grife. Coube então à dupla Tom Ford e Domenico de Sole revitalizar o império. Ford assumiu a direção criativa em 1994 e ficou no comandou por dez anos. Impressionou crítica e público já em sua primeira coleção. Com o lema "sex sells", apimentou os clássicos da Gucci com decotes, fendas, cores, estampas e novas proporções. Graças ao estilista, os dois Gs voltaram ao bê a bá das editoras de moda e à rota de compras das celebridades. Domenico de Sole, do seu lado, fez uma participação especial: enxugou licenciamentos e franquias, reconstruindo a sensação de exclusividade.
1997: Kate Moss com vestido by Tom Ford.

                       

Enquanto Ford brilhava, em 2002, Frida Giannini, vinda da Fendi, começava a dar seus primeiros passos na Gucci, criando bolsas. Dois anos depois, deixou a vaga de coadjuvante, assumiu o departamento de acessórios e, no ano seguinte, a linha de prêt-à-porter feminino. Frida suavizou a sensualidade de Ford e imprimiu um novo estilo na Gucci, batendo na tecla da elegância sem esforço. "Quem é verdadeiramente elegante nunca pode deixar para trás a sua atitude e as suas maneiras", defende ela, que não esconde sua preferência por roupas poderosas. "Crio para uma mulher que quer ser respeitada por suas ideias e realizações, como profissional, mãe ou, frequentemente, as duas coisas." Sob o comando dela, a Gucci ganhou ainda uma linha infantil e a Première, uma audaciosa aposta no rarefeito mundo da alta-costura, lançada em pleno Festival de Cannes em 2010. O cinema faz mesmo parte da história da Gucci, embora a trajetória da grife nunca tenha ido parar nas telonas (há rumores de que Ridley Scott tenha planos de levar a saga da família para as películas). Frida busca constantemente influência na sétima arte. Suas inspirações são a produção da Cinecittà, as divas dos anos 1950 e o rock’n’roll (ela é fã de David Bowie e Mick Jagger).
2006: Frida Giannini assume a Gucci e passa a apostar na elegância.

FIGURINOS:



1995

2010

2011

2011

2011

Principais campanhas.

Principais campanhas

Sob sua gestão, David Lynch dirigiu a campanha do perfume Gucci by Gucci e Frank Miller o comercial de Gucci Guilty. Não à toa, a festa dos 90 anos inclui o patrocínio para o restauro de filmes e gravações musicais antigos, além da abertura do Museu Gucci, em Florença, prevista para setembro. As lojas vão receber ainda a Coleção 1921, que reedita os ícones, como as bolsas Bamboo e The Jackie. Um roteiro fashion, afinal de contas, merece mesmo um happy end.

Principais campanhas

Principais campanhas

Principais campanhas

Principais campanhas


Bolsas

                      Bolsas

Ao longo das décadas, a Gucci lançou algumas das bolsas mais importantes do planeta fashion.
BAMBOO
Esta bolsa surge por acaso, como uma saída para a escassez de couro durante a guerra. Em 1947, Aldo Gucci, filho de Guccio, resolve aplicar bambu japonês no lugar da alça de couro. Entre 1995 e 1996, Tom Ford retoma o uso do material e estimula o desejo pela bolsa original. Em 2010, Frida Giannini propõe diferentes tamanhos, cores e materiais, deixando aBamboo mais contemporânea.


                                   Bolsas

HORSEBIT

A ferragem tem como referência de design o universo da selaria dos cavalos. Foi aplicada pela primeira vez em bolsas nos anos 1930 e logo ganhou todos os acessórios da grife. A simbologia da ferragem ganhou dimensão eterna quando chegou aos mocassins masculinos, que foram amplamente divulgados pelos atores John Wayne e Fred Astaire e chegaram ao museu.
                                                    Bolsas

THE JACKIE
Criada no fim dos anos 1950, em 1961 a bolsa ganhou oficialmente o apelido da então primeira-dama americana. Jacqueline Kennedy afinal de contas fez por merecer: foi fotografada muitas vezes usando o modelo.
Em 1999, Tom Ford teve a ideia de relançá-la em diversas cores, com grande sucesso. Dez anos mais tarde, Frida Giannini a reinventou e batizou a bolsa como The New Jackie.

                                                   Bolsas

FLORA
Vasculhando os arquivos da grife, Frida Giannini recriou em uma bolsa a estampa Flora. A criação das 140 flores que compõem o desenho do artista Vittorio Accornero aconteceu a pedido de Rodolfo Gucci, filho de Guccio, e foi impressa originalmente em uma echarpe, desenvolvida para Grace Kelly em 1966. O lenço entrou para o hall da fama da grife. A bolsa nasceu já como ícone em 2005.